“Roer o silêncio “ na Casa Álvaro de Campos

A sessão, está marcada para dia 27 de setembro, sexta-feira, às 18h30, na Casa Álvaro de Campos em Tavira.

Tendo atuado pela última vez, em Junho no festival Açoteia, em Faro, o espetáculo de poesia performativa que une em palco Ana Simon, Cláudia Tomé Silva, Lady N e Sara Martins, regressa desta vez a Tavira.

Em conversa com Sara Martins, autora e um dos elementos do grupo, a mesma explica-nos as grandes diferenças que este espetáculo terá: “O Açoteia foi o último palco que partilhámos apesar de, nesse evento, termos apresentado uma versão reduzida do “Roer o Silêncio”. Desta vez vamos ter a versão completa, pejada de poesia, música e energia feminina.”

Mais do que uma simples performance de spoken word, o “Roer o Silêncio” apresenta-se como um espaço de oportunidade para dar voz às mulheres, onde as quatro artistas, personificam nos seus momentos individuais de performance, a sua arte, a sua verdade e a sua maneira de roer o silêncio.

Sara Martins, é uma presença habitual no mundo da poesia performativa, já partilhou palco com o também autor Tiago Marcos, na performance “No Avesso das Palavras” e sozinha no espetáculo “O Esculpir da Sombra”.

Ainda assim, destaca como é dividir palco com as colegas: “É um carrossel de emoções e uma onda de sororidade. A poesia é o laço que nos une, assim como o respeito pelas palavras e a consciência do impacto que podem ter ao serem partilhadas.” Numa performance onde o poder e a união das mulheres são chave, enaltece-se também as qualidades particulares de cada uma. “ Somos todas muito diferentes e a fusão da essência de cada elemento, dá-nos a magia do “Roer”. É uma força que uma só não conseguiria alcançar.” explica e complementa “Sentimos uma necessidade de dar voz às mulheres. Vivemos numa sociedade em que ainda somos, muitas vezes, caladas, e é preciso contrariar esse silêncio e roer cada vez mais os calcanhares de quem nos quer num só lugar. A nossa esperança é em trazer cada vez mais vozes femininas, sentido de união, respeito e igualdade.”

Apresentando-se desta feita na Casa Álvaro de Campos, que em si homenageia um dos grandes poetas portugueses, a autora confessa como a poesia heterónima de Pessoa a inspirou. “Foi através de nomes como Álvaro de Campos, Alberto Caeiro ou Fernando Pessoa, que cedo na vida, nas aulas de Português, percebi que a poesia tinha um lugar especial em mim.” Sara, é apesar de tudo fortemente influenciada pela vida. “Os textos que apresento no “Roer” não foram propriamente inspirados em alguém, mas sim nas pessoas com quem partilho momentos da vida.”

“A minha poesia vem de um lugar comum a todos os tempos. Vem da alienação de Fernando Pessoa, com a qual me identifico frequentemente, do jogo de palavras de Fausto Bordalo Dias como uma fonte de luz e das Três Marias que me relembram que a luta contra a igualdade não pode ser posta de parte, que é algo contínuo e não podemos arredar pé.” remata.

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